Share

Facebook icon Twitter icon Mail icon
ONGs e cientistas estão alertando sobre a devastação causada pelo cultivo intensivo de soja, principalmente na América Latina. A produção desse grão contribui para o desmatamento e a destruição de ecossistemas naturais únicos, como o Cerrado e a Amazônia.
ONGs e cientistas estão alertando sobre a devastação causada pelo cultivo intensivo de soja, principalmente na América Latina. A produção desse grão contribui para o desmatamento e a destruição de ecossistemas naturais únicos, como o Cerrado e a Amazônia.
News 21/02/2025

Soja: Um produto do cotidiano com grandes desafios ambientais

Um item básico

Seja em nossos pratos, em nossos banheiros ou em nossas farmácias, a soja está em toda parte. Na alimentação humana, ela é usada no leite, no tofu e no shoyu, além de ser ingrediente em muitos produtos processados, como barras de proteína e substitutos veganos da carne. Já o óleo de soja é usado tanto na culinária quanto na indústria de cosméticos para a fabricação de cremes hidratantes e produtos para o cabelo. Até mesmo o setor farmacêutico explora suas virtudes: as isoflavonas da soja estão na composição de certos suplementos alimentares, por seus efeitos benéficos sobre a saúde hormonal.

No entanto, embora a soja faça parte do nosso cotidiano, ela é destinada principalmente à alimentação animal. Quase 80% da produção global desse grão é usada para rebanhos, principalmente aves, suínos e bovinos, o que significa que ela também está indiretamente escondida na carne, nos ovos e nos laticínios que consumimos.

Uma cultura com consequências ambientais alarmantes

ONGs e cientistas alertam sobre a devastação causada pelo cultivo intensivo de soja, principalmente na América Latina. A produção desse grão contribui para o desmatamento e a destruição de ecossistemas naturais únicos, como o Cerrado e a Amazônia. Algumas regiões consideradas reservatórios de biodiversidade estão sendo destruídas para dar lugar a culturas como a soja. O desmatamento libera quantidades significativas de carbono armazenado nas árvores e no solo, contribuindo assim para as mudanças climáticas. A expansão do cultivo da soja também pode levar à apropriação de terras, causando tensões e deslocamento de populações.

Rumo à soja livre de desmatamento: um compromisso coletivo

Diante desses desafios, players do mercado francês adotaram medidas concretas. Desde 2021, o Manifesto da Soja reúne empresas, ONGs e autoridades públicas comprometidas com o fornecimento responsável. Para garantir soja sem desmatamento ou conversão de ecossistemas naturais, a Earthworm Foundation desenvolveu a Metodologia ZDC (Desmatamento e Conversão Zero). Essa abordagem oferece uma avaliação de risco para destacar se a soja está associada ao desmatamento ou à conversão de ecossistemas, seja legal ou ilegal, após 1º de janeiro de 2020.

Em 2024, uma parceria entre a Earthworm Foundation, Coopérative U, E. Leclerc e o Groupement Mousquetaires possibilitou avançar na mobilização do setor. O objetivo foi analisar uma carga de 60 mil toneladas de farelo de soja de quatro estados do Brasil — Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul —, conhecidos por sua produção de soja e, alguns deles, também pela presença de ecossistemas frágeis, como o Cerrado. A parceria também pretende preparar a implementação do Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento (EUDR).

Uma colaboração sem precedentes com operadores portuários

Pela primeira vez, a análise envolveu vários operadores portuários. Essa colaboração preparou o caminho para a implementação do EUDR por meio do lançamento de um grupo de trabalho com os operadores, para discutir o gerenciamento do risco de desmatamento e conversão ao nível portuário. Também melhorou a compreensão das cadeias de suprimentos do Brasil.

A Earthworm Foundation enfatiza a importância dessa iniciativa: “A metodologia ZDC permite verificar se a soja não envolve risco de desmatamento antes de ser exportada para a Europa. Ela também possibilita a criação de um vínculo entre os setores superior — comerciantes e operadores brasileiros — e inferior — distribuidores e indústrias — do processo, tornando toda a cadeia de suprimentos mais responsável e maximizando o impacto de longo prazo”.

O Grupo Mousquetaires reitera o compromisso de sua marca: “Como principal causa do desmatamento importado, a soja é uma de nossas prioridades. Assinamos o manifesto da soja responsável e, desde 2020, contribuímos com ações de conscientização, transformação e monitoramento, em coordenação com a Earthworm”.

O grupo E. Leclerc declara: “E. Leclerc está comprometido com o fornecimento responsável de soja e apoia ativamente iniciativas conjuntas, como esse projeto-piloto que transforma as cadeias de valor. Por meio desse trabalho rico em aprendizado, estamos trabalhando para obter mais transparência na cadeia de suprimentos e um fornecimento livre de desmatamento”.

Por fim, a Coopérative U afirma: “A soja é uma das principais causas do desmatamento. Na Coopérative U, temos o compromisso de reverter essa tendência. Com a Earthworm, estamos agindo localmente para tornar as cadeias de suprimentos mais responsáveis e testar a rastreabilidade da soja do campo ao navio. Nossos objetivos são: provar que um fornecimento 'ZDC' é possível e aumentar a conscientização em todo o setor.”

Déchargement du soja - Rio Grande - EF 2024
Silo de soja - Rio Grande - EF 2024

Um passo em direção ao consumo mais responsável

Com o Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento (EUDR) prestes a entrar em vigor, essas iniciativas estão abrindo caminho para mais transparência e gerenciamento de riscos no setor de soja no Brasil.

Junte-se a nós nessa iniciativa por um futuro sem desmatamento!

Você pode estar interessado em...

ONGs e cientistas estão alertando sobre a devastação causada pelo cultivo intensivo de soja, principalmente na América Latina. A produção…

Soil je t'aime

14/02/2025

Investigation report for Socapalm