O nosso Programa Rurality está colaborando com a Biopalma, a Nestlé e a Cargill para transformar a vida de pequenos proprietários de áreas de cultivo de palma na Amazônia. Nosso novo filme mostra o trabalho que estamos realizando na região.
Estado do Pará, Brasil – O óleo de palma, quando produzido de forma sustentável, pode ser um meio de evitar mais desmatamento na Amazônia brasileira. Um novo filme, “Agricultores da Floresta” (“Farmers of the Forest”), explora a complexa relação dos pequenos proprietários de terras com o óleo de palma e os esforços da Earthworm Foundation, de seus membros Nestlé e Cargill, juntamente com a Biopalma, produtora desse produto, e seu parceiro NORAD, para garantir que a produção de óleo de palma funcione para as pessoas e para o meio ambiente.
Pequenos proprietários e o óleo de palma
O óleo de palma é uma fonte vital de renda para milhares de pessoas e suas famílias no Pará. E os pequenos proprietários de terras são essenciais para o fornecimento de óleo de palma, pois dos mais de 2 mil km2 de plantação de palma, cerca de 410 km2, são cultivados por eles.
Mas a pressão da agricultura está colocando a floresta do Pará em risco. Entre agosto de 2017 e maio de 2018, 2.441 km2 de área da Amazônia Legal foram derrubados, e quase um terço desse total foi no Pará, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
O zoneamento agroecológico foi implementado pelo governo brasileiro, quando as plantações de palma foram desenvolvidas, estabelecendo apenas áreas previamente degradadas para a expansão do óleo de palma. Apesar disso, o desmatamento continua a ocorrer.
“Pelo menos uma parte desse desmatamento está sendo causada por pequenos proprietários”, explicou John Van't Slot, diretor da Earthworm Foundation para a América Latina. “Os pequenos proprietários, por uma série de razões, ‘limpam suas terras’ de florestas, para usar a expressão local, para torná-las mais produtivas financeiramente.”
Para encontrar um equilíbrio que funcione entre os pequenos produtores, as empresas e o meio ambiente, a Earthworm Foundation identificou o Pará como um ponto-chave para seu trabalho.
Inicialmente, a Cargill e a Earthworm Foundation iniciaram na região o ART Plan (Agregador / Transformador da Refinaria, do inglês Aggregator / Refinery Transformation). O ART Plan busca alavancar a influência das refinarias a fim de se envolver diretamente com as usinas fornecedoras em uma área específica, para criar uma transformação ao nível de território.
No Pará, o ART Plan envolveu todas as usinas locais fornecedoras da Cargill, o que resultou na implementação de Políticas de Não Desmatamento e Não Exploração, apoiadas por planos de ação. No decorrer do desenvolvimento do ART Plan, a abordagem das questões dos pequenos proprietários foi identificada como uma prioridade.
“Ao executar o ART Plan e o Rurality, programa criado para apoiar pequenos agricultores a melhorar a posição na cadeia de suprimentos e se tornar mais resiliente, na mesma área, o poder transformador de ambos pode ser ampliado”, continuou Van't Slot.
O Programa Rurality tem como foco a cadeia de suprimentos da Biopalma e está centrado em um moinho abastecido por 675 pequenos agricultores.
Vivendo em áreas predominantemente rurais, esses agricultores enfrentam, diariamente, desafios variados. Para compreender mais profundamente o contexto local, a equipe de campo do Rurality, com o apoio da equipe de campo da Biopalma, realizou o que chamamos de Diagnóstico Dinâmico Rural, entrevistando 73 pequenos proprietários e 15 grupos de partes interessadas.
“Descobrimos que os pequenos proprietários geralmente têm uma boa produtividade, com dois terços atingindo ou excedendo as expectativas de rendimento”, explicou Eric Batista, Analista de Campo do Rurality. “Embora isso seja um bom sinal, também descobrimos que os mesmos pequenos proprietários enfrentam sérias restrições econômicas, prejudicando a lucratividade e, por sua vez, os meios de subsistência.”
O estudo constatou que 63% dos pequenos proprietários tiveram de refinanciar empréstimos, enquanto 72% acharam impossível economizar o suficiente para pagá-los. Também foi observada uma falta de compreensão dos contratos bancários e uma comunicação deficiente entre os bancos e os agricultores. Essa incapacidade de pagar empréstimos levou alguns agricultores a procurarem por outras fontes de renda e, em alguns casos, a considerarem a derrubada de florestas para aumentar o tamanho das áreas de cultivo e, com isso, os lucros.
“Além disso, descobrimos que os pequenos produtores tinham, em sua maioria, conhecimento limitado sobre questões importantes que poderiam melhorar a vida deles e tornar os negócios e as fazendas realmente lucrativos, como melhores práticas agrícolas, gestão de negócios ou até mesmo medidas de saúde e segurança”, continuou Batista. Segundo ele, os motivos geralmente se devem à falta de assistência técnica por empresas estatais ou privadas. Entre os agricultores entrevistados pelo Rurality, 90% deles não tinham esse acesso. “Essa lacuna de conhecimento é um desafio real que os agricultores têm dificuldade de superar por conta própria.”
Agricultores resilientes, fazendas resilientes
O objetivo final do Programa é criar condições para os pequenos proprietários melhorarem as conexões com a Biopalma e outras instituições, desenvolvam os negócios e a gestão das fazendas e aumentem a produtividade de óleo de palma e, por fim, a resiliência. Ao mesmo tempo, essas metas não podem ser alcançadas ao custo de mais desmatamento.
Os desafios que os pequenos proprietários enfrentam também oferecem oportunidades de transformação, e é isso que sustenta o Plano de Ação de três anos do Rurality.
“Conectar os agricultores a mercados para as culturas adicionais, sejam elas pimenta-do-reino, mandioca ou frutas, pode gerar mais lucros, enquanto a criação de sistemas agroflorestais pode apoiar a produtividade do óleo de palma no longo prazo”, disse Batista. O Programa Rurality também identificou agricultores líderes, que seguem boas práticas em suas fazendas, que atuarão como embaixadores para outros agricultores e compartilharão conhecimentos e experiências.
“Essas são apenas algumas das opções que analisaremos com a Biopalma e os pequenos produtores parceiros da empresa. No futuro, esperamos que esses agricultores sejam empoderados. E, também, que possam cuidar bem de suas palmeiras, mantendo outras culturas. Vamos colaborar com parceiros e partes interessadas locais, para que isso aconteça”, concluiu Batista.
Ao apoiar os pequenos produtores a se tornarem resilientes, a cadeia de suprimentos da Biopalma pode se tornar mais sustentável, o que trará benefícios simultâneos não apenas para os agricultores, mas para toda a região, protegendo a preciosa Floresta Amazônica nos próximos anos.